quarta-feira, 28 de maio de 2014

Andanças literárias



A história do “Amigo orgulhoso” (Aurora Ferreira) tem como protagonista um Pavão muito vaidoso. Além, disso tem todos os outros elementos de uma boa receita de conto de fadas: muitos bichos (cada qual com a sua personalidade) e claro, uma fada bondosa. Papo vai, papo vem até que ao final nosso herói descobre que “não é a beleza que importa e, sim, o que se tem no coração”. Ok, bom? Bom. E se agora, subvertermos a ordem? A ordem dos sentidos.
Começou assim:
• após contar a história para as crianças, conversei sobre ela: quais as impressões ao escutar? Mudariam alguma coisa? Gostou de qual trecho? E qual trecho desgostou? Etc.
• na sequência, coloquei os holofotes nas fadas: O que pensam sobre isso?já viram alguma mágica? (“Minha mãe me contou que Mágica é a lagarta virar borboleta, professor Bruno...” Ok, criança tem esse poder de nos desestabilizar né? E parabéns para a mamãe!)
• para dar continuidade ofereci que confeccionássemos nossos personagens para brincarmos (sabe quando você era criança e brincava de boneco(a)? Podia ser com seus amigos(as) também? Eu pelo menos brincava e inventava um monte de histórias... Isso me dava forças e mostrava a capacidade das narrativas de nos ajudar a dizer o mundo e a nos dizer a nós mesmos).
• Após a montagem dos personagens, foi o momento de brincarmos de fabular!
Alguns personagens...



Crianças no momento de contação de histórias...

De repente, o livro assumiu lugar de destaque!

;-)

E foi tão divertido! Textos orais desenvolvidos ao sabor do acaso pelas crianças, suscitam nosso imaginário! Pudemos descobrir outros lugares (cada um ambientava do seu jeito), pudemos sentir emoções variadas como tristeza, alegria ou surpresa. Nessa troca de encantamentos, evitaram-se as descrições imensas e cheias de detalhes, pois a simplicidade e a beleza deram as cartas. Eu, na posição de “mediador/professor” acabei saindo de cena e me tornei mais uma criança, um amigo com quem brincar. Os sentidos saíram do túmulo onde os deveres os enterraram. “Corpo de criança, corpo brincante: é nele que acontece a alegria!” nos diria Rubem Alves e concordo pois, tudo nos convidou a não pensar. A só rir, aproveitar, fruir.
 Espia só um bocadinho:



Isso possibilitou que entendêssemos que os sentidos do texto artístico não são fornecidos apenas pelas palavras escritas, mas também pelo modo como são organizados. Além do mais, a inserção do texto dentro do seu contexto determinou que a leitura feita depois fosse enriquecida com esses elementos extratextuais, ganhando, assim, uma perspectiva mais abrangente.
"Gif" para simbolizar que logo abaixo, estarei mudando de assunto... virando a página! rsrs

Gostamos sempre de ter um tempinho para ler. Às vezes, acompanhado por músicas ou ainda, cantamos. Desta vez a apreciação poética se deu pelas canções “Azul da cor do mar” de Tim Maia e “Andanças” de Beth Carvalho. Primeiramente distribui as letras impressas para cada aluno efetuar a leitura para si e em seguida os puxei para, juntos e em voz alta, declamarmos. Na sequência, organizei-os na sala com postura para cantarmos juntos. Neste ato, os rostos revelam o mundo!

5º ano.

4º ano.

3º ano.

2º ano B.
Posteriormente a fruição poética, abri a roda para conversa, pois é preciso saber se gostaram ou não do que foi vivenciado, se concordou ou não com o que foi contado... Disseram-me que estava tudo bonito. Foi então que, juntos analisamos a letra no objetivo de trocar apreciações individuais sobre cada texto. Segue as letras para apreciação:
Detalhe das letras...


Observe um trechinho: 



 Por fim, democraticamente, escolheu-se que efetuássemos um desenho pu frases atrás da poesia (enquanto ouviríamos as respectivas músicas) para presentear alguém querido da criança (pai, mãe, tia, irmão, amigo, amiga...). Isso surgiu por dois motivos das próprias poesias: “E JAMAIS TERMINA/ MEU CAMINHAR/ SÓ O AMOR ME ENSINA/ ONDE VOU CHEGAR (POR ONDE FOR QUERO SER SEU PAR)” versos de Andanças (ouça clicando aqui), do qual serviram de inspiração para desenharmos caminhos, estradas, destinos com cores e adicionarmos a pessoa amada & “VER NA VIDA ALGUM MOTIVO/ PRA SONHAR/ TER UM SONHO TODO AZUL/ AZUL DA COR DO MAR”, versos do Tim Maia (ouça clicando aqui), onde as crianças queriam escrever/desenhar mensagens para presentear a pessoa querida com motivos para sonhar. Coisas extremamente simples acham um lugar imortal no coração.






Esconde sob a aparência de simplicidade todas as implicações contidas no ato de ler e de ser letrado. É tão importante a leitura do texto literário quanto às expressões e respostas que criamos para ele. As práticas de sala de aula precisam contemplar o processo de letramento literário e não apenas a mera leitura das obras. Estes movimentos foram esforços para uma apreciação divertida na qual eu aprendo tanto quanto ensino nesses rituais mágicos que permeiam a leitura.



Abraços, prof. Bruno.

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