sexta-feira, 9 de maio de 2014

Em que o esforço de ver era o de exteriorizar.



1. Em que reinventamos nosso dia
“Miro e vejo”: o percurso que viemos realizando quando nos debruçamos na leitura dessas narrativas literárias é o da nossa própria história humana, entre perdas e ganhos. Sentimentos que nos dignificam e sobressaltam-nos para pulsões positivas, como também para o oposto. Em consequência, tocar em tais narrativas é de certa forma penetrar nos mais insondáveis conflitos que nos fazem adentrar angústias ou medo, enfim naquilo que de fato representa a nossa condição de desterro. Contudo, em deflexão, nos resgatamos no “Felizes para sempre” e no reencontro de novos rumos: caminhamos para o amor, felicidade, partilha.
Esta semana, nos deleitamos com “Romeu e Julieta” de Ruth Rocha. Obra que nos mostra – num primeiro momento – um reino colorido e cheio de flores, onde as coisas são separadas pelas cores. Tudo muito lindo para cheirar, tocar e ver, entretanto quem mora ali nem pode se conhecer: “mas também, dos seus canteiros, não arredavam as asas” completa a narrativa. Será que a cor das asas de Romeu e Julieta vai mesmo separar essas crianças borboletas? Foi o que descortinamos. 
Por fim, ainda cantamos a poesia "As borboletas" de Vinicius de Moraes, conhecidíssima e amada de todos.
Trechos da história :)

Ventinho é de explicar.

Sr. Coruja fez sucesso, pois as crianças adoravam imitar seus sons...

Me contaram que já fizeram um sol parecido. Tive deslumbre.
 Parece-me que toda narrativa nos convida para participar de sua realidade, que a letra está no texto e nas suas possibilidades pluralizadas pelo olhar de quem lê, e que também podemos relacionar com o conjunto de realidades que lhes dá origem. Neste sentido, adentrar no texto que frui, é seguir os diversos territórios propostos numa teia de significações, compostas a partir da palavra. Manoel de Barros desenha:

“A água passa por uma frase e por mim.
Macerações de sílabas, inflexões, elipses, refegos.
A boca desarruma os vocábulos na hora de falar
E os deixa em lanhos na beira da voz”.

[“O guardador de águas”, p. 31]
 


2. Em que aparece outra história
Outro momento literário que apreciamos foi em companhia de uma ovelha. Escrita pela alemã Jutta Bauer, “Selma” trata de um tema intenso: “O que é felicidade?”. Não há como resistir à filosofia de vida dessa ovelhinha. Ela leva uma vida aparentemente comum, contudo a grande surpresa que sentimos foi à satisfação que ela tem com as suas atividades: Selma vê beleza nas coisas mais simples e cotidianas. As crianças amaram e aos poucos iam expressando seus sentimentos de felicidade: “estar com quem se ama”, “estar com quem se ama... bicho ou gente”, “comer junto de alguém”, “ter dinheiro” e “pegar na mão do pai quando está na água do mar”, foram apenas algumas das pérolas que soltaram.
Detalhe da capa do livro.
Eu em um dos momentos da contação da história.
Eu em um dos momentos da contação de história.
Trecho do livro com suas ilustrações fofinhas...
"O que é felicidade?"
Olha a Selma aí gente!

3. Em que chego a uma conclusão
“A maturidade do homem consiste em haver encontrado a seriedade que tinha no jogo quando era criança” [Nietzsche, “Além do bem e do mal” p. 65].

Os jogos de palavras, as trocas de sentidos e as leituras compartilhadas durante o processo de leitura/escuta das histórias literárias catapultou-nos para a projeção, interiorização e identificação, pintando em nós desenhos de diversas naturezas. Por isso, (dar) o lugar da literatura é tão fértil para que se converse de dor e amor, pois aí se permite enraizar pelas instâncias mais secretas da consciência humana e quem sabe chegar a vias conciliadoras, nas quais se pode ver a infância como particularidade permanente.
 






Silêncio. Estamos lendo.












Com carinho, Professor Bruno.

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