1. Em que reinventamos nosso dia
“Miro e vejo”: o percurso que viemos
realizando quando nos debruçamos na leitura dessas narrativas literárias é o da
nossa própria história humana, entre perdas e ganhos. Sentimentos que nos
dignificam e sobressaltam-nos para pulsões positivas, como também para o
oposto. Em consequência, tocar em tais narrativas é de certa forma penetrar nos
mais insondáveis conflitos que nos fazem adentrar angústias ou medo, enfim
naquilo que de fato representa a nossa condição de desterro. Contudo, em deflexão,
nos resgatamos no “Felizes para sempre” e no reencontro de novos rumos:
caminhamos para o amor, felicidade, partilha.
Esta semana, nos deleitamos com “Romeu e
Julieta” de Ruth Rocha. Obra que nos mostra – num primeiro momento – um reino
colorido e cheio de flores, onde as coisas são separadas pelas cores. Tudo
muito lindo para cheirar, tocar e ver, entretanto quem mora ali nem pode se
conhecer: “mas também, dos seus canteiros, não arredavam as asas” completa a
narrativa. Será que a cor das asas de Romeu e Julieta vai mesmo separar essas
crianças borboletas? Foi o que descortinamos.
Por fim, ainda cantamos a poesia "As borboletas" de Vinicius de Moraes, conhecidíssima e amada de todos.
Trechos da história :) |
Ventinho é de explicar. |
Sr. Coruja fez sucesso, pois as crianças adoravam imitar seus sons... |
Me contaram que já fizeram um sol parecido. Tive deslumbre. |
Parece-me que toda narrativa nos convida
para participar de sua realidade, que a letra está no texto e nas suas
possibilidades pluralizadas pelo olhar de quem lê, e que também podemos
relacionar com o conjunto de realidades que lhes dá origem. Neste sentido,
adentrar no texto que frui, é seguir os diversos territórios propostos numa
teia de significações, compostas a partir da palavra. Manoel de Barros desenha:
“A água passa por uma frase e por mim.
Macerações de sílabas, inflexões, elipses, refegos.
A boca desarruma os vocábulos na hora de falar
E os deixa em lanhos na beira da voz”.
[“O guardador de águas”, p. 31]
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2. Em que aparece outra história
Outro momento literário que apreciamos foi em companhia de
uma ovelha. Escrita pela alemã Jutta
Bauer, “Selma” trata de um tema intenso: “O que é felicidade?”. Não há como resistir à filosofia de vida
dessa ovelhinha. Ela leva uma vida aparentemente comum, contudo a grande
surpresa que sentimos foi à satisfação que ela tem com as suas atividades:
Selma vê beleza nas coisas mais simples e cotidianas. As crianças amaram e aos
poucos iam expressando seus sentimentos de felicidade: “estar com quem se ama”,
“estar com quem se ama... bicho ou gente”, “comer junto de alguém”, “ter
dinheiro” e “pegar na mão do pai quando está na água do mar”, foram apenas
algumas das pérolas que soltaram.
Detalhe da capa do livro. |
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Eu em um dos momentos da contação da história. |
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Eu em um dos momentos da contação de história. |
Trecho do livro com suas ilustrações fofinhas... |
"O que é felicidade?" |
Olha a Selma aí gente! |
♥ |
3. Em que chego a uma conclusão
“A maturidade do homem consiste em haver encontrado a seriedade que
tinha no jogo quando era criança” [Nietzsche,
“Além do bem e do mal” p. 65].
Os jogos de palavras, as trocas de
sentidos e as leituras compartilhadas durante o processo de leitura/escuta das
histórias literárias catapultou-nos para a projeção, interiorização e
identificação, pintando em nós desenhos de diversas naturezas. Por isso, (dar)
o lugar da literatura é tão fértil para que se converse de dor e amor, pois aí
se permite enraizar pelas instâncias mais secretas da consciência humana e quem
sabe chegar a vias conciliadoras, nas quais se pode ver a infância como particularidade
permanente.
Silêncio. Estamos lendo. |
Com carinho,
Professor Bruno.
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