domingo, 18 de agosto de 2013

Vivências estéticas: leituras que se complementam.



II
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Concordamos que a literatura serve para provocar a alegria e deve ser vivida com diversão, principalmente no que tange formar leitores. É perceber que ela contém funções de tornar o mundo compreensível, transformando sua materialidade em letras de odores, sabores, cores e formas profundamente humana. Neste(s) sentido(s), a literatura necessita ocupar um lugar especial na educação, confabulando-se muito bem com o que assinala Rubem Alves (1999) :

"Nietzsche disse que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É a primeira tarefa porque é através dos olhos que as crianças pela primeira vez tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que a alegria aumente. Os olhos das crianças não vêem “a fim de”. Seu olhar não tem nenhum objetivo prático. Elas vêem porque é divertido ver". 

Essa educação do olhar deve receber treinamento continuo, mesmo quando se atinge a idade adulta, para que não percamos a percepção da boniteza em nossa visão devido às imposições socioculturais. E para que possamos continuamente nos maravilhar com as experiências artísticas literárias de modo a transmitir essas experiências ao nosso educando.
Por meio da arte nós, professores e crianças do colégio Atlântico, podemos transcender o cotidiano (muitas vezes duro) e promover uma “ginástica na alma”. É o momento de respiração. É o momento de tocar nas cores e tintas e criar formas na tentativa de se explicar no mundo. É lembrar e sentir o sabor e o cheirinho que tinha (ainda tem?) aquela fruta, aquela flor (Graças de gustativas ao nosso livro “Poesia de Bicicleta” de Sérgio Capparelli). É resgatarmos versos em roda com as poesias da “Arca de Noé”, de Vinicius deMoraes. E nos estranharmos com tantas outras que nos salta nas mãos com a obra “Poesia fora da Estante” (30 autores! Organizados pela Vera Aguiar). 

As três obras poéticas que nos deleitamos com as crianças!
Tudo isso lançando mão de atividades que priorizam o simples e o duradouro na ação de levar a poesia para as crianças, deixando fluir, deixando correr o encontro sensível por entre as formas que configuram emoções, recordações e promessas de felicidade. Humanizamo-nos.  
Precisa de justificativa esse contentamento que o livro literário nos possibilita? Sei lá, os céticos de uma cultura mecanicista que me perdoem, mas a experiência simbólica e poética experimentada no texto literário já justifica sua utilização, pois “a função essencial da obra literária na educação é dar alegria, na alegria e pela alegria, exercitar e alimentar o espírito”.  Isto implica também, não só falar de doçuras e prazeres, “pois é função da arte revelar o homem para si mesmo, em toda a sua dimensão e amplitude, portanto, aí, se inclui a dor e o amor”. (CAVALCANTI, 2009, p.77).
E nesses contextos demasiadamente expostos a arte literária, permitam explicitar o que permanece invisível ou tácito em outros lugares. Oportunidade de ter um olhar distanciado da nossa realidade imediata, de encontrar diferenças para nos questionar, ou semelhanças, ecos de nossas próprias experiências, rompendo nossos limites enquanto leitor. Ir mais além.
Abaixo, algumas fotos que capturam momentos especiais de vivências estéticas com o livro.





Turminha do quinto ano! :)


Quinto ano, a prô Margarida e eu escondido no meio dos livros...


Turma do segundo ano com Prô Roberta e Prô Michelii. :)


Olha a prô Roberta ali abaixada! rsrsrs


Prô Débora com as poesias que fizemos como presente do dia dos pais.Ao lado Prô Lívia. \o/
A contação da história "FESTA DO CÉU" da Angela Lago ganhou ainda mais amplitude quando encontramos um casco de tartaruga!


"Agora a tartaruga fui pro céu de verdade né Prô?" Falou um dos alunos...


Uma moeda pelos pensamentos...


Declamação e diálogos de poemas do Sérgio Capparelli. *-*


Poesia + Cor: começa a ser produzido o mural poético "frutífero".


Cores poéticas. ^_^


"Se sujar faz bem!" rsrsrs
Roda de leitura!


Roda de leitura... (':
Prô Fran representando! \o/


Contação de histórias....


Prô Claudinha, a turma e eu! =]


Eu, a prô Aidê e a "tchurminha" =D


Escolhendo livros e gibis!



Olha só a Mari concentrada com os convites! Vaaaleu pela ajuda Mari! :D


Convite para os pais. :')

O convite.
Essas atividades com as obras literárias possibilitaram romper os limites da escola, e resgatar valores afetivamente desenvolvidos no sensível e na leitura. Contudo, estava tudo muito oralizado por falas dos educandos (que levam a boa nova para casa) e de alguns pais que rapidamente comentavam nos portões da escola a gostosura que está sendo esse projeto literário.  
Surge então, a necessidade de algum material escrito que alarga a prática. Assim, criamos um convite para reunir a escola, o educando e os pais, num ponto em comum: o blog Clube do Livro Atlântico. Abaixo o texto que contido no convite:



Leituras que encantam!

O adulto que compartilha uma leitura com a criança está resguardando o direito dela à educação, à cultura e também ao lazer. Por meio dos livros, a criança aprende a nomear o mundo à sua volta, a se conhecer, se expressar e se comunicar com os outros. O Colégio Atlântico e o Clube do Livro Atlântico acreditam no valor da leitura, por isso incentiva esse hábito por meio de aulas dedicadas a aflorar a magia de Livros Infantis para as crianças aprenderem a gostar de ler desde cedo.
Convidamos você a acessar o blog que conta um pouco dessas atividades a fim de ser também autor dessa história. Fique à vontade para comentar a respeito do que encontrou por lá. Além disso, gostaríamos que se possível, nos escrevesse sobre alguma experiência sua de leitura com seu filho, para relatarmos esse momento no blog.

Blog Clube do Livro Atlântico
http://atlanticoclubedolivro.blogspot.com.br/
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Através dessa ação, espera-se reforçar os laços entre as pessoas, que juntas configuram um esforço a mais para uma melhor educação e resgate de bons valores. Reafirmando assim, a importância da literatura na formação do ser humano, seja pelo seu aspecto estético, formativo ou literário. São leituras que se complementam.



Professor Bruno Lazzarotto Farias.

Referências
ALVES, Rubem. ”O Olhar do Professor”. Em Correio Popular, Campinas, 24/10/1999.


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