sábado, 26 de abril de 2014

De comer com os olhos



Olhar
O que eu vejo
me atravessa

como ao ar
a ave

o que eu vejo passa
através de mim
quase fica
atrás de mim

o que eu vejo
– a montanha por exemplo
banhada de sol –
me ocupa
e sou apenas
essa rude pedra iluminada
ou quase
se não fora
saber que a vejo.
[Ferreira Gullar, Barulhos, p. 29]

Que tal uma narrativa visual, onde toda a história é contada através de desenhos ou fotos sem nenhuma palavra? Em “O leão e o camundongo” de Jerry Pinkney, o impacto visual que as ilustrações provocam surpreendem! Os desenhos vivos, as situações de conflito, seu uso inteligente da página, seu desenho grandão, vão conduzindo a acontecência pela perspectiva do olhar: é o movimento, a andança, que faz o roteiro do visto, do percebido, do sentido, do que quer ser vivido, mexendo com a agudeza do leitor/olhador.
Detalhe da capa e contracapa


 Histórias sem texto são palavras trocadas por traços e cores! Assim, com o auxilio imagético das crianças efetuamos uma vivência com esta obra que ultrapassa o sentido inteligível e ecoa no senso estético! Construímos narrativas orais belas e complexas em grupo, a imagem explicou a palavra e a palavra reescreveu a imagem.

Nos em momento de criação das narrativas...
"Ouça-me rugir: GRRRRR!!!"
Olhem os rostinhos deles! rsrs
E é tão bom ver o belo ou descobrir o que é bonito sem que antes se suspeitasse disso, diria Fanny Abramovich em seu livro “Literatura infantil: gostosuras e bobices”. Esses bons livros de artes visuais são, sobretudo, experiências do olhar, de uma visão múltipla, pois se vê com os olhos do autor e do olhador/leitor, “ambos enxergando o mundo e as personagens de modo diferente, conforme percebem esse mundo” (ABRAMOVICH, 2009).
E é tão bom saborear e detectar tanta coisa que nos cerca usando esse instrumentos nosso tão primeiro, tão revelador de tudo: a visão. Talvez seja um jeito de não formar míopes mentais...
Opa, sinopse do livro? Nós criamos as nossas histórias, no entanto o site da editora trás a dela, a saber:
 “Esta é uma versão da conhecida história do ratinho que retribui a generosidade do leão libertando-o de uma armadilha fatal. Neste livro sem texto, ela nos é contada por meio das belíssimas imagens de Jerry Pinkey. São ilustrações de página inteira, que impressionam por sua altivez. Cada vez que folheamos o livro, nossos olhos captam novas cores e novos detalhes que vêm enriquecer a história”.

Outro momento poético com todas as turmas foi de uma obra do Caetano Veloso: “Canto de um povo de um lugar” (música do álbum “Jóia” de 1975). Primeiramente distribui a letra/poema para leitura prévia e em silêncio:
Canto de Um Povo de Um Lugar

Todo dia o sol levanta
E a gente canta
Ao sol de todo dia
Fim da tarde a terra cora
E a gente chora
Porque finda a tarde
Quando a noite a lua mansa
E a gente dança
Venerando a noite
Madrugada, céu de estrelas
E a gente dorme
sonhando com elas.

Autor: Caetano Veloso
Momento Literário – prof. Bruno


Depois efetuamos a declamação da mesma em voz alta alternando a vez: hora menino, hora menina, outra vez em dupla, depois em pequeno grupo, etc. Sempre respeitando o tempo e a singularidade de cada indivíduo. Na sequência, propus que formássemos um círculo, coloquei a música do Caetano para audição e... Cantamos juntos!

Momento de leitura individual.

O grupo em círculo, ouvindo e cantando a música.


 Cantamos e na cadência do som mexíamos nosso corpo de forma leve e em grupo: apoiamos os braços uns nos outros, tocamos as mão, movimentamos o círculo espontaneamente. Por fim sentamos mantendo o círculo, fechamos os olhos até a música acabar. Quando abrimos as pupilas, conferi um sorriso no rosto das crianças: o momento foi epifânico! Acho que atingimos a arte e essa coisa de “alcançar as veias do impossível”...
Detalhe da gente ao final da poesia/canção.

 Colhi algumas palavras das crianças em relação à ocasião: “Essa poesia e música é bonita”, “é linda como nossa voz”, “é delicada”, “é legal porque tem os nossos dias”, etc.
 Precisa de mais explicação? Ouça e sinta a melodia: 



 Abraços, professor Bruno.

Um comentário:

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