quinta-feira, 13 de junho de 2013

A Caixa Mágica do Poeta



CAIXINHA MÁGICA

Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não
cabe em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.

Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio
e, para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?
Autora: Roseana Murray


Com o objetivo de expor o leitor ao texto poético e provocar a reflexão sobre a poesia que aquece o imaginário, as atividades realizadas na tarde de terça-feira (11 – 06 – 2013) foram antes de tudo uma festa. O encontro com as crianças na biblioteca foi feito com muito carinho e a vontade em meio a tapetes e livros.




Realizou-se a declamação de vários poemas e ainda contação de história do livro de Chico Buarque “Chapeuzinho Amarelo”, muito bem aprovado pelas crianças e com exigências de mais e mais (além das cobranças das ilustrações!). E que surpresa agradável ao ser pego de surpresa com uma música que a turma cantava antes de vir à história! Professora, eu quero aprender para poder cantar também!!! 





Após muitas declamações, o poema “Caixinha Mágica” de Roseana Murray, foi distribuído de for impressa para todos (juntamente foi metade de uma folha em branco e caixa de giz de cera). Feita a leitura da poesia, abriu-se espaço para que os ouvintes falassem sobre o que sentiram ao ouvir, o que o isso representava para eles e “o que vocês querem que caiba em sua caixinha mágica?” Logo veio o coro de cada criança: Lápis, caderno, chiclete, pião, sol, bicicleta, skate, calção, família, flores, tartaruga, tartaruga, tartarugas, muitas tartarugas! Bola, pelúcia, merenda, cobra, muita gente, castelo de areia, homem de ferro, caixa de areia, gnomo, sereia, pirata, Ben 10... Observe-se que o poema se constrói como um quadro, atingindo o leitor e ouvinte pela força de suas imagens. As palavras, como se viu, também condensam em imagens e interpretações o imaginário do sujeito: é o leitor sendo coautor do texto. Assim, ela é também parte integrante da produção simbólica e como tal constrói o real. 
Ao som da música de Gilberto Gil “Metáfora” todos concentrados imaginaram que aquele retângulo de papel era sua caixinha mágica e deveria desenhar tudo aquilo que queria que entrasse dentro.





Quando a música terminou (duas vezes porque estava muito bom) pediu-se que metade das pessoas exibissem seus desenhos para a turma e contassem o que desenhou, após isso se solicitou que afixassem o desenho na parede para assim se transformar num mural mágico. Os demais circularam pelo ambiente observando os desenhos que acreditaram corresponder à sua metade e que efetuassem a junção.
Feito isso, todos observaram uma segunda vez e a houve a socialização. “O que sentiram?” “Como é ter que procurar a parte a que corresponde?” "Oras, porque é legal professor!" “Porque sim...” “Porque gosto muito da minha irmã e tem esse sol que ele desenhou em cima também e que faltava...” Finalmente, reproduziu-se em um gesto de carinho a experiência vivida naquele momento. E muito obrigado. “Mas o desenho posso levar para minha casa e mostrar para a minha mãe né profe?!”
 


 

A palavra como fio condutor nos permitiu traçar caminhas de integração entre a Literatura e a psique humana: está impressa em toda forma de expressão do homem. Como proposta estética e existencial para a formação da criança e do jovem, a intenção de dialogar com a poética e permitir a construção de símbolos se efetivou com sucesso nesta (alegria!) que foi a primeira de minha intervenção com os professores juntos da turma.
Para finalizar o diário de hoje, convido para refletirmos esse trecho do livro “Literatura infantil: gostosuras e bobices” da autora Fanny Abramovich. Que é assim:

”É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve – com toda amplitude, significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário.”



  
 
Professor Bruno Lazzarotto Farias.

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