"É na minha disponibilidade permanente à vida que me entrego de corpo inteiro, pensar crítico, emoção, curiosidade, desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minhas relações com o contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil". (PAULO FREIRE)
O segundo encontro do Clube do Livro Atlântico se deu em clima de muita
partilha e de boas-vindas aos novos integrantes! O círculo está expandindo-se e
aos poucos se fortalecendo, firmando laços afetivos pelo amor em comum pelo
livro. Em clima de efervescência literária, abriu-se espaço para a socialização
de obras apreciadas por alguns integrantes.
Para estimular a sensibilidade no convívio, conversamos um pouco a
respeito de nosso cotidiano escolar tendo como fio condutor um vídeo em que a
Dra. Ana Cláudia discute conceitos baseados no livro “Os cinco maiores
arrependimentos antes de morrer” escrito por Bronnie Ware, uma enfermeira
especializada em cuidar de pessoas próximas da morte. A saber:
#1. Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e
não a vida que os outros esperavam de mim;
#2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto;
#3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos;
#4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos;
#5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz.
Por meio da expressão particular de cada um, expandiu-se as experiências
compartilhadas dos nossos anseios, expectativas e sonhos. Neste sentido,
conchavando com essa “aventura espiritual” que é a leitura, visto que muitos
são os fatores em jogo e se faz importante um engajamento do eu em uma experiência rica de vida,
inteligência e emoções, aponta Coelho (2000, p. 32); em contraponto do sistema
de vida contemporânea (pressionado pela velocidade, pela superficialidade dos
contatos humanos).
Posteriormente, foi o momento de dialogarmos acerca do papel da
literatura na escola, em especial a poesia, tendo como título “Poesia na
Escola: arte e educação literária”. Como referência bibliográfica utilizamos o
artigo de Neitzel “Sensibilização poética: educar para a fruição estética”, que
nos serviu para destacar pontos relevantes da riqueza que é a literatura ser
vista e apreciada como objeto artístico que contribui para a formação estética
do indivíduo.
Dois questionamentos tornaram o âmago da noite: a) O que a criança quer
encontrar no livro? b) Por que a poesia transita pouco nas instituições
educativas?
Conversa vai, conversa vem, até que achamos possíveis respostas chaves: Às
vezes as crianças estão cansadas de tanta repetição e querem mesmo é passar o
tempo para se deleitar com a leitura, então essa criança ou até mesmo qualquer
pessoa gostaria mesmo é de encontrar o inusitado no livro. Se surpreender,
conseguir por meio da imersão literária transcender a sua condição de sujeito
para se ultrapassar, se invadir ou adquirir conhecimento. A escola muitas vezes
acaba por refutar a poesia algumas vezes por ela não oferecer chaves de leitura
muito fáceis, tornando a leitura muito aberta e complicada de ser delimitada
com perguntas e respostas ou não estar muito ligada ao uso da linguagem
referencial, técnica e racional (função objetiva), pois a poesia visa antes de
tudo, despertar sensações e sentimentos quaisquer. Neste sentido, a poesia
acaba hibernando nas prateleiras da biblioteca.
Ações como estas configuram-se em
“um programa amplo, que se apóie na educação pela
arte, fortalece o potencial de cada ser, revelando sua originalidade, estimula
sua expressão e respeita iniciativas diferenciadas que dão espaço a
preferências, gostos, tendências e habilidades individuais” (RESENDE, 1997,
p.99)
Enfim, é por meio destes momentos especiais que se consolida a relação
Arte-Escola com a finalidade de contribuir para o crescimento sociocultural,
artístico, histórico, e crítico-reflexivo das pessoas envolvidas com a
educação.
Professor Bruno Lazzarotto Farias.
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