Quem já passou pelo o que a imagem mostra sabe o quanto isso nos deixa triste... E pessoal, a leitura até pode muitas vezes ser um ato solitário, mas nunca deixa de ser solidário... Refletindo sobre isso, os encontros na biblioteca do colégio
Atlântico são pensados como um encontro permanente de leitura na escola,
costumeiramente semanal, conversa-se sobre as leituras que as crianças estão
fazendo em casa (seja por meio de empréstimos de livros da própria biblioteca
ou de aquisição particular). Sobretudo, a socialização da obra é posta em
evidencia e contamos com momentos para que as crianças indiquem a obra que
leram para alguns de seus colegas, considerando as características do livro e
preferências de leitura dos amigos. Este movimento gera trocas de apreciações
individuais sobre cada texto para o grupo, e cada criança pode descrever (e
escrever) sobre itens importantes de forma pessoal, sem roteiros definidos e
muito menos definitivos... Se a obra proporciona um deslumbramento especial,
por que não deixar a criança descobrir esses aspectos que ela sentiu,
percebeu... e escolher sobre o que expressar?
E tem de tudo um pouco. As crianças
inclusive fazem o papel para sedução dos livros, como estivessem “vendendo seu
peixe”. E gente! EU PRECISO LER O QUANTO ANTES “O Diário de um Banana” de Jeff Kinney! Eles falam tanto e tão bem desse livro que sucinta na
maioria a vontade de ler. E também, por meio das falas dos educandos, se
percebe que eles se identificam muito com os personagens do livro (alguns por
serem azarados, outros por não se sentirem tão seguros em relação a
determinados assuntos, etc.), isso é estabelecer sentidos relacionados com a
vida e com o seu interior! E cada vez mais que entro em contato com esse tipo
de experiência de formação de leitores, pareço afirmar na prática o que li na
obra de Todorov “A literatura em perigo” (2009, p. 77) quando ele diz que:
“O leitor comum, que continua a procurar nas
obras que lê aquilo que pode dar sentido à sua vida, tem razão contra
professores, críticos e escritores que lhe dizem que a literatura só fala de si
mesma ou que apenas pode ensinar o desespero. Se esse leitor não tivesse razão,
a leitura estaria condenada a desaparecer num curto prazo”.
Contudo, aos poucos pretendo introduzir a alta
literatura. Literatura de qualidade. Claro que a minha intenção é partir do
gosto deles, estabelecendo primeiramente certa liberdade de escolhas das obras
e discussões, visto que devemos encorajar a leitura por todos os meios:
“(...)
inclusive a dos livros que o crítico profissional considera com condescência,
se não com desprezo, desde Os três mosqueteiros até Harry Potter: não apenas
esses romances populares levaram ao hábito da leitura milhões de adolescentes,
mas sobretudo, lhes possibilitaram a construção de uma primeira imagem coerente
do mundo, que, podemos nos assegurar, as leituras posteriores se encarregarão
de tornar mais complexas e nuançadas.” (TODOROV, 2009, p. 82).
Gente,
não quero aqui por uma opinião inabalável do que é “boa literatura” ou “má
literatura”, e nem me estender muito nessa parte, até porque penso que cada um
lê o que quer, pois no final o que conta é o que te faz mais feliz. Entretanto,
acredito que como professor me é inerente apresentar para o educando (fazendo-me
sedutor), o ensinar a transitar e interpretar melhor todas as formas
literárias, assim chegando à alta literatura. Os clássicos.
Pois bem, voltando para as atividades
na biblioteca. Ações estas, que ao ser inserido pretende trazer em si o
potencial de auxiliar a construir uma comunidade de leitores e escritores na
escola, oportunizando o acesso de múltiplas linguagens exploratórias nos
livros, selecionar suas leituras, deleitarem-se sobre os efeitos que cada uma
delas lhes expressa, comentar essas sensações, indicar e analisar as
leituras recomendadas e recebidas dos colegas, ao longo do processo: gostos e
predileções por autores, narrativas, obras, gêneros, etc.
Geralmente se organiza rodas de leitura,
contação de histórias e declamações de poesias para o primeiro momento, depois
aproveita-se o momento ofertando livros para as crianças ou aproveita-se o
tempo para a socialização das leituras já concebidas e outras ainda em
andamento: cria-se um redemoinho de troca de idéias e experiências, sem deixar
de lado considerações minhas e dos alunos, as indicações entre os pequenos e
perguntas com cada criança que apresenta a obra. Infelizmente temos o tempo bem
curto (apenas uma aula) então o processo está engatando homeopaticamente, mas
sólido e consistente. Com o tempo, as crianças vão construindo uma autonomia
cada vez mais ampliada para compartilhar essas impressões sobre as leituras
feitas e, então, assumindo um protagonismo cada vez maior na troca. Todas essas
dinâmicas tem como referencial teórico a revista/site da Nova Escola que sempre traz a baila materiais pertinentes para novas reflexões , e os livros: “Literatura Infantil: teoria, análise,
didática” (São Paulo: Moderna, 2000) de Nelly Novaes Coelho, “Literatura Infantil: gostosuras e bobices”
(São Paulo: Scipione, 2009) de Fanny Abramovich, “A literatura em Perigo” (Rio de Janeiro: DIFEL, 2009) de Tzvetan
Todorov e “Como um romance” (Porto
Alegre, RS: L&PM, 2011) de Daniel Pennac (este último também usado como objeto de análise do grupo de educadores do Clube do Livro Atlântico).
Mais informações e novidades logo,
logo! E pessoal, gosto de ler os comentários tanto quando gosto de escrever no
blog! Por favor, se surgir dúvidas, críticas, sugestões ou relatos de
experiência, me escrevam. Vou responder e/ou comentar sua mensagem aqui mesmo,
ok? Obrigado pela visita, pela leitura e pelo carinho!
Professor Bruno Lazzarotto Farias.
Referências
REVISTA, Escola. Nova Escola. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/ Acesso em: 12/07/2013.
TODOROV, Tzvetan. A Literatura em Perigo. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009.
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