segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Clássicos no Ensino Médio: início de novas descobertas e provocações



“A literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e a visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade”.
- Antonio Candido. O direito à literatura (1995).

Como professor de literatura no Ensino Médio, uma das minhas preocupações é estreitar as relações dos jovens com as obras literárias de qualidade. Agindo na criação de canais de contatos que me auxiliassem na prática na tentativa de tornar a leitura uma necessidade orgânica, além de, na posição de mediador, tomar o cuidado ao ler os textos sem ferir a experiência de autonomia e liberdade que constituem o contato com a literatura.
Deste modo, num primeiro momento, realizei um diagnóstico em forma de pesquisa qualitativa para levantar a situação dos leitores da sala. Com os dados da pesquisa, passei a compreender melhor o perfil desses alunos, e elaborar caminhos a fim de tentar fisgá-los para novas descobertas literárias. Tenho o sabor de contar com a literatura, cujo um dos poderes é o de se metamorfosear em todas as formas discursivas, lançando mão disso, produzi uma “Banca Literária”.

Figura: Questionário inicial.                                                                                                                                     Fonte: Pessoal.

A Banca Literária foi uma ação que me permitiu fazer “propaganda” e apresentar as três obras que iremos nos deleitar: “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector, “Helena” de Machado de Assis e “Últimos Sonetos” de Cruz e Sousa. (Fazem parte da lista do vestibular, cujo momento também exigiu uma conversa rápida sobre as outras obras da lista). Por meio de imagens, textos e vídeos estabeleceram-se os três livros que serão consumidos vagarosamente; presumindo constantes manuseio, diálogos de trechos e imagens articuladas numa constante realimentação por meio de uma leitura orientada. Uma escolha implica numa tomada de decisão que precisa ser feita com base em conhecimentos sensíveis e inteligíveis. É dar a possibilidade de aceitação, pertencimento e “ação recíproca” entre obra e público (CANDIDO, 2000, p.10). Assim, através do gosto e perfil de cada um formamos os grupos de estudos literários por obra.

Figura: Detalhe dos três livros.                                                                                                                                Fonte: Pessoal.

Concordo com Paulo Freire (1996, p. 32) quando este diz que ensinar exige estética e ética, pois “a necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Docência e boniteza de mãos dadas”. Indo de encontro, elaborei juntamente com a turma um “Itinerário Literário” e um grupo na rede social Facebook, ambos os canais comunicativos, nos permitem maior abrangência nas nossas inter-relações mediadas pela obra literária.
No mural “Itinerário Literário” são registrados – por enquanto – os três grupos de estudos literários divididos por obra, trechos dos textos na promoção dos mesmos, além de avisos e orientações. Adjuntos ao mural, existem imagens dispostas que os alunos trouxeram na tentativa de exteriorizar suas relações particulares com a literatura. Nosso trajeto fica observável para todos os transeuntes.

Figura: Detalhes do mural.                                                            Fonte: Pessoal.
Figura: Detalhe do "Itinerário Literário".                                     Fonte: Pessoal.

Figura: Nossos espaço de intercomunicação.                               Fonte: Pessoal.

Também estendemos nossa comunicação para além do colégio, criando um grupo de estudos no Facebook. Este local de encontro nos permite criar fóruns de discussões e compartilhamento de material fora do horário normal de aula. Valoriza-se o tempo disponível de cada um, formando uma atividade gostosa e gratuita.



Figura: Detalhe do nosso grupo no Facebook. Clique para ampliar.                           Fonte: Pessoal.

Pensar estas ações exige a concepção de que é preciso mudar certos rumos caso queiramos promover o letramento literário para a literatura cumprir seu papel humanizador, e desenvolver o sensível. Ou seja, é “transformando sua materialidade em palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas que a literatura tem e precisa manter um lugar especial nas escolas” (COSSON, 2011 p.17). Consequentemente, esses canais de contato constituem um esforço de provocação para (re)descobrir a literatura de forma gostosa e divertida, validando minhas constantes pesquisas e elaborações de caminhos para por em prática uma melhor educação. 
Abaixo, algumas fotos da turma:
  
Figura: Turma do terceirão.                                                        Fonte: Pessoal.

Figura: Alunos do grupo do Cruz & Souza.   Fonte: Pessoal.

Figura: Detalhe dos alunos com as obras.                              Fonte: Pessoal.

Figura: Nossa turma reunida! \o/                                              Fonte: Pessoal.

Figura: (Y).                                                   Fonte: Pessoal.

Figura: ;-)                                                     Fonte: Pessoal.

Figura: Olha a footo!                                                                       Fonte: Pessoal.

Figura: Nos e os livros...                                                             Fonte: Pessoal.

Por fim, vale ressaltar que concomitantemente estamos nos debruçando na História da Literatura, revisões para o vestibular e diálogos sobre o mercado de trabalho. 

Professor Bruno Lazzarotto Farias 
=^~^=

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