“A literatura
corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de
mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e a visão
do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a
fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade”.
- Antonio Candido. O direito à literatura
(1995).
Como professor de
literatura no Ensino Médio, uma das minhas preocupações é estreitar as relações
dos jovens com as obras literárias de qualidade. Agindo na criação de canais de
contatos que me auxiliassem na prática na tentativa de tornar a leitura uma
necessidade orgânica, além de, na posição de mediador, tomar o cuidado ao ler
os textos sem ferir a experiência de autonomia e liberdade que constituem o
contato com a literatura.
Deste modo, num primeiro
momento, realizei um diagnóstico em forma de pesquisa qualitativa para levantar
a situação dos leitores da sala. Com os dados da pesquisa, passei a compreender
melhor o perfil desses alunos, e elaborar caminhos a fim de tentar fisgá-los
para novas descobertas literárias. Tenho o sabor de contar com a literatura,
cujo um dos poderes é o de se metamorfosear em todas as formas discursivas,
lançando mão disso, produzi uma “Banca Literária”.
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Figura: Questionário inicial. Fonte: Pessoal. |
A Banca Literária foi uma
ação que me permitiu fazer “propaganda” e apresentar as três obras que iremos
nos deleitar: “A Hora da Estrela” de Clarice Lispector, “Helena” de Machado de
Assis e “Últimos Sonetos” de Cruz e Sousa. (Fazem parte da lista do vestibular,
cujo momento também exigiu uma conversa rápida sobre as outras obras da lista).
Por meio de imagens, textos e vídeos estabeleceram-se os três livros que serão
consumidos vagarosamente; presumindo constantes manuseio, diálogos de trechos
e imagens articuladas numa constante realimentação por meio de uma leitura
orientada. Uma escolha implica numa tomada de decisão que precisa ser feita com
base em conhecimentos sensíveis e inteligíveis. É dar a possibilidade de
aceitação, pertencimento e “ação recíproca” entre obra e público (CANDIDO,
2000, p.10). Assim, através do gosto e perfil de cada um formamos os grupos de
estudos literários por obra.
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Figura: Detalhe dos três livros. Fonte: Pessoal. |
Concordo com Paulo Freire
(1996, p. 32) quando este diz que ensinar exige estética e ética, pois “a
necessária promoção da ingenuidade à criticidade não pode ou não deve ser feita
a distância de uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética. Docência
e boniteza de mãos dadas”. Indo de encontro, elaborei juntamente com a turma um
“Itinerário Literário” e um grupo na rede social Facebook, ambos os canais comunicativos, nos permitem maior
abrangência nas nossas inter-relações mediadas pela obra literária.
No mural “Itinerário
Literário” são registrados – por enquanto – os três grupos de estudos
literários divididos por obra, trechos dos textos na promoção dos mesmos, além
de avisos e orientações. Adjuntos ao mural, existem imagens dispostas que os
alunos trouxeram na tentativa de exteriorizar suas relações particulares com a
literatura. Nosso trajeto fica observável para todos os transeuntes.
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Figura: Detalhes do mural. Fonte: Pessoal. |
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Figura: Detalhe do "Itinerário Literário". Fonte: Pessoal. |
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Figura: Nossos espaço de intercomunicação. Fonte: Pessoal. |
Também estendemos nossa
comunicação para além do colégio, criando um grupo de estudos no Facebook. Este local de encontro nos
permite criar fóruns de discussões e compartilhamento de material fora do
horário normal de aula. Valoriza-se o tempo disponível de cada um, formando uma
atividade gostosa e gratuita.
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Figura: Detalhe do nosso grupo no Facebook. Clique para ampliar. Fonte: Pessoal. |
Pensar estas ações exige
a concepção de que é preciso mudar certos rumos caso queiramos promover o
letramento literário para a literatura cumprir seu papel humanizador, e
desenvolver o sensível. Ou seja, é “transformando sua materialidade em palavras
de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas que a literatura tem e
precisa manter um lugar especial nas escolas” (COSSON, 2011 p.17).
Consequentemente, esses canais de contato constituem um esforço de provocação
para (re)descobrir a literatura de forma gostosa e divertida, validando minhas
constantes pesquisas e elaborações de caminhos para por em prática uma melhor
educação.
Abaixo, algumas fotos da turma:
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Figura: Turma do terceirão. Fonte: Pessoal. |
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Figura: Alunos do grupo do Cruz & Souza. Fonte: Pessoal. |
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Figura: Detalhe dos alunos com as obras. Fonte: Pessoal. |
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Figura: Nossa turma reunida! \o/ Fonte: Pessoal. |
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Figura: (Y). Fonte: Pessoal. |
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Figura: ;-) Fonte: Pessoal. |
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Figura: Olha a footo! Fonte: Pessoal. |
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Figura: Nos e os livros... Fonte: Pessoal. |
Por fim, vale ressaltar
que concomitantemente estamos nos debruçando na História da Literatura,
revisões para o vestibular e diálogos sobre o mercado de trabalho.
Professor Bruno Lazzarotto Farias
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Lindo. A prova. Você sabe o que faz e o que quer alcançar. Parabéns!!!!
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